Cartas marcadas – O Marketing e o Pôquer.

Muito provavelmente você não saiba o que vou te contar agora e fique tranquilo por isso. Crescemos aprendendo que devemos tomar cuidado com o sereno (leva a blusa, filho!), estranhos, drogas, vícios e jogos de azar.

O pôquer até hoje é conhecido pela grande massa como um jogo de azar, que vicia e que provavelmente fará você perder dinheiro, a dignidade, se meter com drogas, conhecer estranhos e, para completar, estará sem blusa no sereno… CALMA!

Calma! O pôquer desde 2010 é reconhecido pela IMSA (International Mind Games Association) como um dos esportes da mente. Se juntou ao seleto grupo de Xadrez, Bridge, Damas e Go no chamado “Mind Sports” – Esporte da Mente. Está mais do que provado que o pôquer não depende de sorte para obter resultados positivos. No longo prazo, a combinação entre habilidade, paciência, estratégia e muito estudo estarão na frente do seu adversário que depende apenas da sorte para “ganhar uma mão”.

Bom, como não estou aqui para falar do jogo em si e sim no que ele se transformou, sugiro esse artigo do profissional André Akkari para quem quiser entender mais sobre esse confronto habilidade versus sorte: https://aakkari.wordpress.com/2015/09/28/a-prova-que-o-poker-e-um-jogo-de-habilidade/

Vamos falar sobre o que esse joguinho de baralho se transformou no nosso Brasilzão tão amado e o papel do Marketing nisso.

Na metade deste século, junto com a evolução da internet – e a criação de sites de pôquer online – e dos canais pagos com transmissões de torneios internacionais, o pôquer começou a ser praticado não só por aquele cowboy dos filmes de faroeste, mas também por pequenos grupos de amigos e amigas, que se reuniam para tomar uma cervejinha, colocar o papo em dia e jogar ficha no pano. Muitos desconhecendo as próprias regras eram nessa reunião que ensinar o pôquer para um amigo virava questão de honra.

Com a propagação do esporte e o desejo dos jogadores em participarem cada vez mais desse mundo, sites internacionais de pôquer tiveram a sacada de atrelar grandes nomes de outros esportes, com uma mensagem mais do que explícita: qualquer um pode, por que você não joga também?

Ronaldo Fenômeno, Neymar, Rafael Nadal e Usain Bolt são alguns nomes que fizeram o pôquer se tornar ainda mais acessível para qualquer um que queira se arriscar nesse mundo de habilidade mental. O que esses atletas de alto rendimento sabem mais de baralho do que eu que sou rei do truco no bar da minha faculdade? Vou jogar também!

Para se ter uma ideia, no ano passado, o BSOP (maior evento de pôquer do Brasil) alcançou no Main Event (principal torneio da grade) números dignos de Las Vegas: 2.807 atletas, responsáveis por erguer uma prize pool (prêmio acumulado) de R$ 8.138.370,00. Sendo que, desse valor, uma média de 12% do total é destinada aos organizadores do evento e a CBTH (Confederação Brasileira de Texas Hold’em). Faz a continha aí! Tá bom ou quer mais?

Hoje estima-se que 7 milhões de brasileiros jogam – recreativamente ou profissionalmente – pôquer. E, pode ter certeza, o Marketing feito pelos sites de apostas tem uma grande participação nesses números.

É um número impressionante se considerarmos que, como dissemos lá atrás, o pôquer era mal visto ou temido por ser algo ilegal ou viciante.

E você aí que ama pôquer, pouco se deu conta que foi, de certa forma, influenciado por mídias e estratégias de marketing que colaboraram com a difusão em massa desse esporte.

Bora jogar um poquêrzinho?!